Terça-feira, 22, tivemos uma reunião em Brasília para debater as ações contra o crime organizado coordenadas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP). Agrupando representantes de instituições como USP, UFRN, UFC, UNB, Instituto Igarapé e Instituto Sou da Paz, esse foi o terceiro encontro com o mesmo núcleo de estudiosos.
O Insight, que tem realizado estudos para a área de segurança pública junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), foi representado pelo pesquisador José Florêncio de Queiroz.
Após se destacar nacionalmente na redução dos principais indicadores criminais, especialmente nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), que já alcançam uma queda por 18 meses seguidos, o estado do Ceará, representado pelo secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, apresentou o conceito da Nova Estratégia de Segurança Pública (Nesp) do Governo do Ceará, na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF. A iniciativa foi um pedido do deputado federal de Minas Gerais, Doutor Frederico, que requereu uma audiência pública, com a presença do gestor cearense, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, nesta quarta-feira (23).
Além de André Costa, o superintendente de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) – órgão vinculado à SSPDS – e criador da teoria de combate à mobilidade do crime, Aloísio Lira; o secretário da Administração Penitenciária (SAP) do Estado do Ceará, Mauro Albuquerque; e o coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado da Pós-Graduação do Departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Antônio Macedo, também expuseram as estratégias montadas pela Segurança Pública do Ceará na construção de políticas públicas na área.
“A apresentação é para podermos expor toda a estratégia e o planejamento que tem sido feito no estado do Ceará. Vale destacar o trabalho que temos feito na área de tecnologia em segurança publica. Nós vamos apresentar os resultados que essas ações vem apresentado nas reduções de CVLI e CVP. Vamos colocar a disposição da comissão de segurança pública da Câmara dos Deputados para que possamos colaborar com qualquer proposta no legislativo, mas que possamos levar essa experiência no Ceará para os estados de origem e colaborar cada vez mais com a segurança publica em todo o País, destacou André Costa, antes de falar aos deputados e convidados.
A Nesp, que foi apresentada pelos gestores cearenses, consiste na criação de um novo caminho traçado pelo Governo, que visa o combate à violência no Estado por meio da integração, coordenação e responsabilização em diferentes níveis. Além do investimento em tecnologias da informação, em sistemas e dispositivos, construídos para somarem-se ao trabalho dos homens e mulheres que atuam na segurança pública, um dos pontos dentro da nova estratégia é a valorização e motivação dos profissionais. Junto ao trabalho feito pela SSPDS, há ainda as novas medidas dentro do sistema prisional e do sistema socioeducativo do Ceará, que impactam diretamente na queda dos índices criminais. Em paralelo às ações de segurança, há ainda o entendimento que o combate à violência não se limita apenas ao trabalho das polícias. Por isso, os pilares da Nesp também se baseiam em políticas públicas de educação, redução da pobreza, de cultura, esporte e de saúde.
“A ideia hoje é comentarmos sobre as boas praticas no estado do Ceará no uso de tecnologia do Big Data e inteligência artificial na Segurança Publica. Isso foi desenvolvido em parceria com a SSPDS, por meio do secretário André e o superintendente Aloisio Lira, no sentido de desenvolvermos uma solução customizada especificamente para os problemas de segurança pública do Estado. Essa arquitetura usou código aberto (plataformas abertas) customizadas para os problemas que a Secretaria quisesse atacar. Dentro da apresentação, eu pretendo mostrar a filosofia dessa arquitetura, mostrar que a tecnologia não é o fim, mas sim, um meio. Vamos discutir um pouco a necessidade de um projeto dessa envergadura ser totalmente alinhado com essa estratégia. Para fazermos um projeto de acordo com a realidade”, evidencia o professor Antônio Macedo, que coordenou os trabalhos integrados na UFC.
Essa não foi a primeira vez que a Secretaria da Segurança do Ceará apresentou o tema em Brasília. No dia 20 de agosto deste ano, André Costa já havia palestrado sobre o tema durante o Seminário de Boas Práticas em Tecnologia da Informação Voltadas à Segurança Pública. Na ocasião, quatro sistemas desenvolvidos pela SSPDS e UFC foram entregues à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que repassará as tecnologias que vêm contribuindo para os bons resultados em território cearense para as outras unidades da federação.
A expansão dos projetos cearenses para os demais estados brasileiros é capitaneada pelo MJSP e coordenado nacionalmente pelo secretário André Costa; pelo superintendente de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Aloísio Lira; pelos professores doutores do Departamento de Computação da UFC, Antônio Macedo e Paulo Rêgo.
“Hoje, nós mostramos como os crimes evoluem e como a Segurança Pública deve acompanhar essa evolução. Apresentamos como o Ceará passou a repensar de forma diferente e se organizar para dar uma resposta à criminalidade e assim traçar novas estratégias. Explicando ainda como a tecnologia ajudou durante esse processo”, revela Aloísio Lira, superintendente da Supesp.
A construção de estratégias da SSPDS
Durante as suas apresentações, os representantes cearenses falaram sobre as ferramentas e estratégias construídas sobre três pontos importantes: mobilidade, território e ciência de dados. Os parlamentares conheceram, por meio de explicações técnicas e apresentação de números, quais as ações que estão em desenvolvimento graças à parceria entre SSPDS, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e demais instituições de ensino superior.
Uma das ferramentas apresentadas foi o Sistema Policial Indicativo de Abordagem (Spia), uma inteligência artificial desenvolvida pela SSPDS e PRF, que funciona em conjunto ao sistema de videomonitoramento da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) da SSPDS, e suas mais de 3.300 câmeras em todo o Ceará. Atuando na identificação de carros e motocicletas roubados ou furtados, o Spia e os cercos inteligentes, realizados pela Polícia Militar, quebram um ciclo de ações criminosas que ocorreriam a bordo do veículo automotor, como a prática de novos roubos e até mesmo homicídios.
A utilização da ferramenta Spia e o aprimoramento da expertise policial impactaram na melhoria dos Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP), que em setembro deste ano chegou ao 28° mês de queda. Nesse contexto, há ainda a redução de 64% nos roubos de cargas e a retração de 47% nos roubos de veículos, por exemplo.
A construção de ferramentas que ajudem na tomada de decisão também foi um tema abordado durante a audiência pública. Como exemplo, os presentes tiveram a oportunidade de entender sobre a funcionalidade do Big Data “Odin” e do seu painel analítico “Cerebum”. A ferramenta, que foi desenvolvida pela SSPDS e UFC, permite, entre outras coisas, uma análise profunda das estatísticas, sendo possível estratificar, com alta precisão, os crimes, bem como encontrar padrões que possam levar a predições.
Alimentado por mais de 100 sistemas dos órgãos de Segurança Pública do Estado e de instituições parceiras, o Odin possui mais de 90 bases de dados diferentes e é capaz de analisar milhares de tipos de dados diferentes, que ficarão à disposição dos gestores através de um painel analítico. Os sistemas foram remodelados para fornecer as informações, em tempo real, e facilitar o processo de investigação, inteligência e tomada de decisão.
Por último, os parlamentares conheceram o funcionamento do Portal do Comando Avançado (PCA), que é um aplicativo disponibilizado para os profissionais de segurança. Por meio desse mecanismo, é possível identificar possíveis suspeitos por meio do leitor biométrico conectado a um celular smartphone. O procedimento já é adotado no Ceará em situações em que o indivíduo não apresenta documento de identificação à composição. O próximo passo comentado durante a audiência pública, e que está em fase de teste, é o reconhecimento facial, feito por meio da câmera de um smartphone.
A redução dos índices de criminalidade no Ceará virou assunto nacional.
Afinal, nos últimos anos, o Ceará sempre se destacou negativamente com números alarmantes, com Fortaleza aparecendo como uma das cidades mais violentas do mundo.
Porém, o governo cearense reagiu e, concomitantemente com a adoção de políticas sociais de prevenção, adotou inteligência e tecnologia de ponta no combate à violência, além de retomar o controle sobre o sistema penitenciário, desarticulando o comando do crime organizado.
Deu resultado e os números da criminalidade têm caído progressivamente.
E os deputados da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara Federal querem entender o que levou a essa reviravolta.
Para tanto, convidaram os responsáveis pelo programa de segurança pública cearense para um debate na Câmara Federal,
Estarão lá o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, André Costa; o secretário da Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque; o superintendente de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública, Aloísio Vieira Lira Neto; o coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado do Departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará, José Antônio Fernandes Macedo; e o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adriano Marco Furtado.
A audiência será realizada nesta quarta-feira (23), às 16h30, no plenário 6 da Câmara. Clique aqui e acompanhe.
O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, apresentou, nesta quarta-feira (21), soluções tecnológicas desenvolvidas pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS/CE) e que são utilizadas largamente pelos profissionais que compõem o sistema de segurança do Estado. Com o tema “Tecnologia e segurança pública: o modelo do Ceará”, o titular da segurança demonstrou como os investimentos no combate à mobilidade do crime colaborou para a redução no número de roubos e furtos de veículos no Ceará, bem como no aumento nos índices de recuperação de carros e motocicletas no Estado.
“Viemos apresentar a metodologia que temos utilizado no Ceará para desenvolver esse trabalho de tecnologia voltado para a segurança pública, mostrando a importância do uso das tecnologias em benefício da população cearense. São projetos que o Ministério da Segurança Pública quer levar para o restante do País. Hoje bilhões de dados são gerados diariamente e, muitas vezes, eles não estão estruturados, e acabam não se tornando acessíveis para uso da Polícia. Destaco também a relevância desse evento para mostrarmos novas ferramentas em desenvolvimento na Secretaria, como o reconhecimento facial e o uso de aplicativo para smartphone que identifica uma pessoa através da leitura digital”, adianta o secretário antes da sua apresentação.
Uso prático da tecnologia na área de segurança
A estratégia de combate à mobilidade do crime alia o uso do Sistema Policial Indicativo de Abordagem (Spia) – inteligência artificial que identifica, de forma automatizada, a presença de veículos roubados, furtados ou clonados; o acompanhamento em tempo real das imagens do videomonitoramento, por meio da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops); e as ações ostensivas na rua com o aumento do efetivo do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) e da Força Tática (FT), ambos da Polícia Militar do Ceará (PMCE), e também das Unidades Integradas de Segurança (Unisegs).
O uso da tecnologia e a aplicação de novas estratégias contra o crime transforaram o Ceará em exemplo para o restante do Brasil na utilização de soluções tecnológicas aplicadas à área da segurança pública. Fator que influenciou ainda na melhoria dos indicadores criminais de 2018, em todo o Estado. Entre as ferramentas está o Spia e o sistema de videomonitoramento, que está em fase de expansão na Capital e está em pleno funcionamento em 42 cidades da Região Metropolitana de Fortaleza e do Interior.
O secretário André Costa também apresentou o Projeto Segurança Pública Integrada (SPI), desenvolvido pela SSPDS, junto à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e à Universidade Federal do Ceará (UFC), que visa possibilitar o mapeamento de condutas delitivas em infinitos cenários, facilitando a gestão eficiente dos recursos de policiamento, investigação e inteligência. Em junho deste ano, o SPI foi apresentado para o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, em encontro realizado no Rio de Janeiro-RJ.
“Hoje, o Ceará vai na contramão do restante do País, pois é um Estado que, cada vez mais, tem dado importância e investido em ciência e tecnologia em benefício de áreas como saúde, educação e segurança pública. Um evento como esse, que reúne jovens de todas as idades, abre espaço para que o ele, que já nasceu na era digital, possa pensar em novas soluções tecnológicas em prol das diversas áreas que o Estado trabalha”, finaliza o secretário André Costa.
Ciência, Tecnologia, Inovação e Negócios
A 2ª edição da Feira do Conhecimento reúne em diversos espaços robótica, jogos digitais, batalha de drones, casa inteligente, inovações científicas, mostra de tecnologias assistivas, sessões no Planetário Móvel, rodadas de negócios. O evento acontece entre os dias 21 e 24 de novembro, das 10h às 21h, no Centro de Eventos do Ceará, nomes da academia, empresas, governo e comunidade mostrando o conhecimento produzido no Estado, apresentando o Ceará como indutor e catalisador da transferência de ciência e tecnologia.
São mais de 90 expositores das áreas de startups e empreendedorismo, inclusão digital, ensino superior e profissional, educação a distância, empresas de tecnologia da informação, energia, águas e clima, popularização da ciência, cultura e governo. A feira é uma realização do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece) e do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), e terá como tema: “A Ciência para a Redução das Desigualdades”. Toda a programação é totalmente gratuita.
A programação conta com palestras, oficinas, maratonas e atividades diversas como robótica, jogos analógicos e digitais, física, química, biologia, matemática, fotografia, dentre outros. A expectativa é reunir cerca de 10 mil pessoas, entre jovens empreendedores, empresários, estudantes, professores e pesquisadores, profissionais da área de tecnologia, gestores e comunidade em geral.
Destaques da programação
Além do secretário André Costa, também participam da Feira do Conhecimento, o titular da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) – órgão vinculado à SSPDS – Régis Façanha Dantas; e o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante do grupo que desenvolveu o projeto SPI, José Antônio Fernandes de Macêdo. Régis fará uma apresentação com o tema “Tecnologias Informacionais a serviço da segurança pública: o papel da Superintendência de Estratégia e Pesquisa em Segurança Pública do Estado do Ceará”. Já o professor Macêdo leva aos participantes da feira a discussão de “Novas tecnologias de informação e segurança pública: como elas podem contribuir para a segurança da sociedade”, em conjunto com o professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Vasco Furtado
Serviço:
Feira do Conhecimento 2018 | Salão do Inventor Cearense
Data: 21 a 24 de novembro
Horário: 9 horas às 20 horas
Local: Centro de Eventos do Ceará – Pavilhão Leste
Programação completa e inscrições: www.feiradoconhecimento.com.br
Entrada franca
Com o objetivo de desenvolver novas soluções tecnológicas para o Estado do Ceará, os secretários da Secretarias da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e da Administração Penitenciária do Estado do Ceará (SAP) se reuniram, na manhã desta terça-feira (9), com representantes da empresa chinesa, Dahua Technology, em Fortaleza, na sede da SSPDS. A iniciativa ocorreu após pouco mais de um mês, que o governador Camilo Santana visitou a sede da companhia, em Hangzhou, na China. A empresa é a segunda maior do mundo no fornecimento de produtos e serviços de vigilância por vídeo e atua em cerca de duzentos países.
Estiveram presentes no encontro o secretário executivo da SSPDS, Paulo Sérgio Braga; os secretários titular e executivo da SAP, Mauro Albuquerque e Maiquel Mendes, respectivamente; o secretário de Relações Internacionais do Governo do Estado, César Ribeiro; e o superintendente de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Aloísio Lira. A reunião aconteceu com os representantes da Dahua Technology, Yi Min e Neil Ny.
“A Dahua veio nos apresentar alguns projetos, principalmente na área de videomonitoramento, e pedir para alinharmos uma reunião técnica. Inclusive, surgindo uma oferta de viagem aos técnicos das duas secretarias cearense, a São Paulo, para ver o que a empresa dispõe de tecnologia e o que poderíamos utilizar no âmbito da segurança pública aqui no Estado”, destacou o secretário executivo da SSPDS, Paulo Sérgio Braga.
Atualmente, o Ceará é exemplo para os demais estados brasileiros quando se trata do uso inteligente da tecnologia aplicada à segurança pública. O exemplo disso é o funcionamento da inteligência artificial do Sistema Policial Indicativo de Abordagem (Spia), do Big Data “Odin” da Segurança Pública e de outras ferramentas que estão em desenvolvimento por meio de parcerias, como a existente entre a SSPDS e Universidade Federal do Ceará (UFC).
“Nós viemos ao Ceará porque queremos ser um parceiro estratégico para o Estado. A ideia é falarmos de soluções e discutirmos a possibilidade de entregá-las ao Governo do Estado. Isso obviamente é uma primeira conversa de forma mais preliminar. Na sequência, conversaremos com uma base mais técnica de ambos os lados para que se exponham as tecnologias que a Dahua possui e buscarmos adaptá-las à realidade do Estado, por meio de uma customização”, pontuou Neil Ny.
Visita à sede da Dahua Technology
No dia 25 de abril, o governador Camilo Santana e o secretário de Relações Internacionais do Governo do Estado, César Ribeiro, se reuniram com o CEO da Dahua Technology, na cidade de Hangzhou, na China. Na ocasião, o chefe do Executivo cearense conheceu a expertise da empresa. Foram apresentados projetos desenvolvidos pela companhia no uso de inteligência artificial na prevenção de crimes e investigação de delitos, além do serviço de monitoramento de presos que respondem pena em liberdade.
Em parceria com o Departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará (UFC), o governo cearense está usando inteligência artificial e uma plataforma big data nas abordagens policiais.
Segundo reportagem deste domingo (4) do Diário do Nordeste, a parceria entre a universidade pública e o governo do Ceará resultou em 9 projetos. Um deles, é a plataforma Big Data para integração de mais de 60 fontes de dados relacionados à Segurança Pública.
Além do Big Data, a lista de ferramentas inclui um motor de buscas, denominado Cerebrum, que permite através do uso de linguagem natural a busca de informações de forma integrada, um aplicativo móvel para facilitar o trabalho do policial, um sistema para inteligência da Polícia, um sistema automatizado de busca de impressão digital, um detector de marca e modelo de veículos a partir de imagens coletadas de sensores de passagem de veículos, um sistema de redes deletivas para suportar a análise de relacionamentos entre entidades relacionadas com crimes, um analisador de crimes, denominado CrimeWatcher, através do uso de ferramentas estatísticas e mapas de calor, e um extrator de dados dos textos dos boletins de ocorrência utilizando técnicas de inteligência artificial.
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“Trabalhamos na perspectiva de multifatores. Temos um tratamento, além do sistema, quase manual dos mais sensíveis. Tudo isso dentro de um trabalho de segurança da informação. Passamos por seis ou sete vetores de tratamento para o aspecto do trabalho da inteligência. Temos um trabalho muito forte de auditoria dos dados que é fundamental para termos uma base bem construída”, afirma Aloísio Lira, superintendente de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp).
Reflexos
O uso da tecnologia reflete nos números. No primeiro quadrimestre de 2019, foram 1.726 roubos de carro no Estado, o número mais baixo registrado desde 2011, quando aconteceram, em igual período, 1.274 roubos.
Se comparado ao ano passado, quando foram registrados 3.414 crimes, os quatro primeiros meses de 2019 registraram uma queda de 49%, isto é, 1.274 veículos a menos roubados.
‘As grandes polícias do mundo têm cientistas de dados em suas equipes. Queremos criar essa carreira por aqui’
Tempos antes de o programa Cientista Chefe ganhar esse nome, a ideia embrionária já era testada na mais estratégica das secretarias do governo cearense, a da Segurança Pública. Há três anos, em 2016, o estado viveu uma queda bruta na taxa de homicídios. No ano seguinte, porém, as mortes voltaram a disparar, crescendo 47% em relação ao ano anterior. A disputa entre facções criminosas e a violência nos presídios espraiaram-se em insegurança nas ruas da capital, Fortaleza – naquele ano, a cidade foi palco da mais sangrenta chacina da história do Ceará, que deixou 14 mortos, e em 2019 houve ataques a prédios públicos, pontes e torres de comunicação. Sob esse cenário nada alentador, a secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do estado passou a pensar em como usar tecnologia para fazer com que o crime deixasse de compensar.
Há dois anos, passou a atuar nesta questão uma equipe coordenada pelo professor José Macedo, do Departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará. Estreante na área de segurança pública, mas com larga experiência em Tecnologia da Informação dentro e fora da universidade, o pesquisador ganhou a missão de organizar essa barafunda de dados e apresentá-la aos gestores e policiais numa plataforma fácil e intuitiva. Com a ajuda de cem pesquisadores e o envolvimento de outras duas dezenas de colaboradores, nasceu então um sistema de big data chamado Odin, que armazena e cruza dados obtidos por mais de 50 sistemas dos órgãos de segurança e de entidades parceiras. Todas as informações podem ser vistas em tempo real dentro de um painel que simplifica os processos de investigação e de tomadas de decisão, o Cerebrum. “O sistema cruza mais de 3 mil informações”, diz Macedo, “mas foi desenvolvido para funcionar mesmo em celulares mais simples.”
Nessa esteira surgiu também um sistema que permite a checagem em tempo real de placas de veículos que passam pelos radares instalados. O Spia tem 3,3 mil câmeras integradas. As imagens são repassadas a um banco de dados que indica a possibilidade de crimes ao operador policial mais próximo.
Os dados ajudaram, por exemplo, a colocar bases de policiais a pé nas regiões onde ocorrem mais homicídios. Essas informações foram cruciais para diminuir o tempo de captura de um veículo. “Hoje conseguimos reagir em seis ou sete minutos”, diz o policial rodoviário Aloísio Lira, chefe da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp). A resposta ágil dificulta também que o veículo seja utilizado para cometer outros crimes, quebrando a cadeia de infrações. Com isso, o roubo de carros caiu 48% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
A secretaria estima que o projeto poupou aos seus cofres algo em torno de 120 milhões de reais. A meta agora é concluir até 2020 o processo de integração da plataforma. O acesso a esses dados, calcula Lira, terá um grande impacto nas iniciativas futuras de combate ao crime no estado. “As grandes polícias do mundo têm cientistas de dados em suas equipes. Queremos criar essa carreira por aqui.”
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